Ainda me recordo dos meus tempos de infância.. uns dias com um sorriso nos lábios e outros com a tristeza no olhar.
Recordo os dias quentes e os chuvosos.. as quedas.. as brincadeiras.. as horas de recreio.. os amigos que pensava serem meus amigos.. os professores.. as lições de moral.. e as lições de vida! Recordo frases que durante anos não me saíram da cabeça, e que iam sendo entoadas pelas paredes a todos os minutos da minha vida.
Muitas frases.. e palavras.. muitas das vezes cruéis demais para sequer ouvir.
A minha infância e adolescência não foram apenas acontecimentos maus e cruéis.. mas são os que tenho mais facilidade de recordar.
Sempre tive uma constante luta interior.. e de à muito que não me entendo como pessoa! Recordo também a falta de auto-estima..
Nos meus anos (não recordo muito bem com que idade), alguém me ofereceu um diário.. para que pudesse guardar os meus segredos. Mantive-o fechado durante algum tempo e quando decidi escrever, era tanta a fúria que apenas escrevi uma página e voltei a fechá-lo!
Uns meses mais tarde, resolvi explorar essa fúria e escrever mais um pouco.. escrevi uma página.. duas.. três.. e depois dei por mim, como se mecanicamente a escrever algo sobre mim.. apenas uma palavra! Repetida à exaustão.. Over and over again.. Como se isso entoasse em mim e me fizesse acordar para o que quer que fosse! Não acordou! Mas consegui libertar a minha fúria num 'detesto-me' diário que se ia acumulando no meu querido diário.
Recordo-me de não gostar de cor de rosa e de me detestar.
Hoje, simpesmente, deixei a indiferença tomar conta de mim..